Em uma família nordestina, na qual os filhos ganharam o mundo, a preocupação era levar o pai para conhecer a Europa.
Ele tinha um dos filhos morando por lá.
Mas o velho não queria sair do sertão de jeito nenhum.
Então os filhos combinaram com a mãe para que ele fosse à Europa de um jeito ou de outro e compraram um pacote de turismo para convencer o velho.
O velho finalmente concordou:
Sim, então eu vou.
Quando a notícia bateu no ouvido do barbeiro, ele botou um veneno no assunto aproveitando que o matuto foi cortar o cabelo antes de viajar:
Cumpadre, que sastifação. Chego a ficá arrupiado. Tu vai fazer o que nas “zeuropas”? Senta aí e me conta enquanto corto o teu cabelo.
O matuto respondeu:
Meu filho quer me levar pra Mônaco, assistir a uma corrida de Fórmula 1.
O barbeiro desmereceu:
Tu não vai ver é nada. Os carrinhos passam depressa demais. A 300 km por hora. O que mais tu vai fazer nas “zeuropas”?
Meu filho quer me levar pra conhecer a tar da “torre uefe”.
Vixe, retrucou o barbeiro. Aquele monte de sucata parafusada? Não vai não. O que mais tu vai fazer?
O matuto disse:
Vou conhecer o Vaticano.
O barbeiro confessou:
Rapaz, tá aí uma coisa que eu gostaria de fazer. Conhecer o Papa. Embora não se veja nada lá. São mais de 600 mil pessoas na sua frente. Tu não vai ver é nada.
O matuto foi viajar de qualquer forma.
Quando voltou da Europa, foi direto na barbearia.
E foi logo dizendo:
Vi a Fórmula 1, a torre “uefe”, que não tem nada de sucata parafusada; e fui no Vaticano. Realmente tinham umas 600 mil pessoas na minha frente.
Ante o espanto do outro, continuou:
O Papa foi descendo as escadarias, aquele povo todo se ajoelhando e o Papa foi vindo benzeno, benzeno e caminhano na minha direção. De repente, ficamo cara a cara. Todo mundo ajoelhado, só eu e o Papa em pé.
O barbeiro atento e o matuto sacramentou:
Ele se aproximou de mim. Eu emocionado, ajoelhei. Ele me disse bem baixinho: – “Eita cabelinho mar cortado da muléstia”.
kkkkk