Cidades

Interligadas

O problema se agrava

Na edição que o leitor tem nas mãos, este jornal traz um exemplo claro de como um problema que não é cuidado no serviço público pode ganhar proporções gigantescas. Trata-se da denúncia de mulheres que procuram a rede pública para consultas com ginecologistas e que só encontram vaga para daqui dez meses.
Há apenas 60 dias, o PRIMEIRAFEIRA fez um alerta sobre esse assunto apontando a contradição do Poder Público, que promovia a campanha de conscientização contra o câncer do colo de útero e o câncer de mama, o conhecido “Outubro Rosa”, mas já não oferecia à época um atendimento de ginecologistas adequado à demanda.
Se naquela época, a Secretaria de Saúde da Prefeitura tivesse tomado uma providência efetiva, certamente o problema estaria minimizado ou então resolvido agora. Ocorre que, não tendo tomado nenhuma providência, a espera dessas mulheres para serem atendidas pulou de quatros meses em outubro para dez hoje.
É lamentável que um quadro como esse continue sendo registrado, dada a importância do atendimento desse tipo de profissional para evitar que os casos de câncer sigam tirando do nosso convívio tantas mulheres, já que o de mama é o primeiro que mais mata no Brasil e o de colo de útero o terceiro.
O que mais preocupa é que a Secretaria de Saúde não assume que existe um problema grave e, por não assumir, não se programa para atacar esse problema. Em vez disso, segundo nota enviada a este jornal, a pasta informa que as pacientes devem procurar os canais de atendimentos e uma enfermeira responsável em cada clínica.
A impressão que dá é que as mulheres vítimas dessa demora nunca fizeram isto, que elas estão esperando passivamente, quando poderiam conseguir a consulta mais cedo se falassem. Tentar colocar a culpa nas pessoas que são as mais prejudicadas, é uma atitude totalmente inadmissível para um gestor público.
O mínimo que a Secretaria de Saúde deveria fazer era assumir que existe um problema grave. Depois buscar soluções. Se não é possível contratar mais médicos em quantidade e urgência necessários, que se façam mutirões, parcerias, convênios. O que não pode é fazer vista grossa. Afinal, o problema só se agrava.

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