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O trem e o turismo

O turismo é uma atividade econômica que tem, nos territórios, nas paisagens e nos patrimônios – natural e cultural -, a sua principal matéria-prima. Não é possível produzir turismo sem que haja de alguma forma – direta ou indiretamente – a participação do poder público. Seu papel, com integração ou não de outros setores da cidade, pode abranger inúmeras atividades que existem em uma cidade, tais como: planejamento do fomento da atividade turística, controle de qualidade do produto, capacitação de recursos humanos, implantação e manutenção de infraestrutura urbana básica e turística, captação de investidores privados para o setor, controle do uso e da conservação do patrimônio turístico, entre várias outras opções. Turismo é pura geração de renda.
Pode-se definir Política Pública como o conjunto de ações executadas de modo a atender às necessidades de toda a sociedade. São linhas de ações que buscam satisfazer ao interesse público e têm que estar direcionadas ao bem comum. As políticas públicas podem ocorrer com a participação de instituições presentes na sociedade, com a intermediação nos vários níveis de organização (federal, estadual ou municipal).
Aqui na Estância Turística de Salto, entre os vários equipamentos que estão sendo ou recuperados ou revitalizados, temos o Trem Republicano. Um consórcio idealizado e construído em parceria, entre as cidades de Salto e Itu – o Citrem. Sua atual diretoria tem como presidente o prefeito de Salto, Laerte Sonsin Jr. (PL); e como superintendente, o atual secretário de Turismo de Salto, Wanderley Rigolin. Sob concessão, a gestão do Trem Republicano fica com a empresa Serra Verde Express.
Especificamente para a Estância Turística de Salto, essa parceria entre cidades nada agrega ao turismo do município. Durante o trajeto de sete quilômetros entre Salto e Itu, o posicionamento da Serra Verde Express ignora totalmente nossa cidade e nada se fala sobre a tradição e história cultural e turística da estância. Tudo é voltado somente para Itu. A tradição cultural e religiosa da cidade é deixada de lado quando artistas cantam em prosa e verso no trajeto do trem somente a cidade vizinha. Até eles – os artistas – contratados para performances são de Itu e desconhecem totalmente nossa cultura, apesar desta ser reconhecida como celeiro cultural da região. Os atrativos turísticos da cidade – que não são poucos – são totalmente ignorados e não há sequer informações no trem sobre o que se fazer por aqui.
Nesse roteiro Salto é apenas um apêndice de Itu. Assim, o trade turístico oferecido aos turistas que aqui desembarcam fica resumido apenas ao restaurante da estação ferroviária, que, por sinal, é de propriedade da concessionária. Sequer degustam nosso principal atrativo gastronômico, que é a empada frita. Desprezam-se ótimos restaurantes, como o Caipirão, o Arena, o Scallet e o Na Fazenda. O setor gastronômico de Salto não pode se resumir a um só local.
Ao desembarcarem em Salto, os passageiros turistas, sem nenhuma informação, retornam para Itu, pois nada há para fazer naquela estação. A Secretaria Municipal do Turismo, vendo essa total discrepância da concessionária, está instalando, na estação ferroviária, um posto avançado de apoio ao turista e a sede oficial do Conselho Municipal de Turismo.
Mas o que se espera, na verdade, é uma mudança na mentalidade da empresa concessionária, pois é imprescindível a parceria de todos os setores para o desenvolvimento sustentável do turismo e dessa forma satisfazer o interesse público e as exigências dos turistas. Itu não é Salto e vice-versa.
Num equipamento compartilhado, como é o caso do Trem Republicano, não se pode falar e olhar apenas para um dos lados. Principalmente quando o trem apita…
Não há como ser diferente.

Claudiney Bravo é empresário do setor de eventos

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