Fernando Pessoa, através de uma das tantas pessoas que viviam em seu peito, já dizia que “todas as cartas de amor são ridículas” e que ridículo mesmo é quem nunca colocou esse sentimento tão vasto, bonito e confuso em palavras.
Pôr em versos me ajuda a entender as partes minhas. Mas não é só isso. É que eu sou romântica perdida, acredito nesse amor de todo dia. Amor de varanda, café e tarde de domingo. Amor de janela, de música, de pensamento no chuveiro, de bilhetinho. De presença. Amor de lua e nem precisa ser cheia. Ele está até na lua que míngua.
O amor mora não nos atos grandes, enormes, supérfluos e vazios. Acredito no amor de lembrancinha, de chocolate, de bom dia. Acredito no amor em forma de comida de vó, de ataques de riso. Acredito no amor de quatro patas, peludo e lambido. Acredito no amor em forma de céu, de origami e desenho no papel.
Acho que, às vezes, a gente espera essas demonstrações tão grandes, a lá serenata, e esquece de enxergar o amor de todo instante, fora da sacada.
Acredito no amor não estético, no amor cru, no amor feio, sujo, cansado. No amor que se esforça, que luta, que cai e reconstrói. É que a parte do “real” o deixa tão mais bonito.
Acredito no amor que muda e transforma. Acredito que o amor está no pequeno e faz o pouco virar tão grande. Amor não de filme, mas na manteiga, pipoca e beijo de cinema.
Acredito no amor em sertanejo, em chamadas de vídeo e mensagens de saudade. Por fim, acredito no “te amo” em longas cartas de amor, porque, que nem Fernando Pessoa, eu prefiro ser ridícula e viver com intensidade, a viver pela metade.
Carol Rosa, estudante e poeta.