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O subsídio perfeito

Depois que a empresa Sou Salto, concessionária responsável pelo transporte coletivo da cidade, apresentou um pedido para elevar a tarifa de R$ 4,20 para R$ 9,19 e o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte sugeriu R$ 6,00, a ideia de se ter um subsídio para o setor seduz vereadores e a população usuária do serviço.
Não é à toa, afinal, a possibilidade de injeção de recursos financeiros no sistema tende a ser benéfica para o cidadão que usa ônibus. Fala-se em reduzir a tarifa de R$ 4,20 para R$ 3,80. É uma redução considerável, sobretudo por se colocar no lado oposto dos aumentos propostos pela empresa e pelo Conselho de Trânsito.
O que se lamenta é que não se deu essa ajuda para a empresa anterior, uma empresa saltense, que sempre empregou saltenses e que investiu em Salto por 54 anos ininterruptos. Temos de valorizar as nossas raízes. A falta de ajuda levou a empresa anterior a uma crise, à sua primeira greve e a ser vendida. Uma pena.
Pela fala de vereadores na última sessão de Câmara, não se trata só da pressão exercida pela ideia do subsídio que vem acompanhada de uma redução do valor da tarifa na catraca. Alguns deles manifestaram o receio de serem os culpados se não aprovarem a ajuda à empresa, já que a tarifa subiria neste caso.
Ora, os aumentos de tarifa do transporte coletivo nunca foram uma decisão da Câmara. Cabe ao prefeito -e apenas a ele- essa decisão. E sempre se concedeu reajustes. É bem verdade que nunca em valores como querem a empresa (mais que o dobro do atual) e o Conselho de Trânsito (50% mais) para uma inflação de 5,79%.
O que os vereadores precisam se atentar é que devem defender a população. Afinal, eles foram eleitos para representá-la. Defender a população agora não significa aprovar um subsídio apenas para se livrar do que se chama de culpa. Mas aprovar algo que realmente mude a situação vivenciada pelos usuários do transporte.
Como disseram vários vereadores na última sessão, o subsídio só faria sentido se fosse acompanhado de mudanças no sistema. Então defender a população agora significa exigir que a concessão do subsídio esteja atrelada a contrapartidas da empresa, como manutenção de emprego, melhores salários e ampliação do serviço.
O subsídio não deve ser encarado como uma forma de reduzir o valor da tarifa para o usuário final apenas, mas como uma repactuação contratual do serviço com a inclusão de melhorias que justifiquem a prefeitura investir todo esse dinheiro em nome de toda a população e não só da população usuária do transporte.

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